A tragédia da vida
A do mundo, tão longa
A nossa, tão corrida
Categoria: Poesia/Poetry
O Forró da Pomba e do Zé
E a muié piou no ouvidinho do hôme (eita!)
O hôme pensou: “Agora tô é lascado,
Nem cheguei perto e já tem estrago,
Foi tudo por telefone!”
Que era um homem de recurso (eba!)
Pensou: “Não sou é abestado,
Duvido de tal resultado,
Sou pobre mas não sou matuto!”
Foi lá e bateu forte no peito (ui!)
Falou: “Vem cá, pomba safada,
Ela é minha namorada,
Mas nem eu mesmo aproveito!”
Já sabia que ia dar briga (ai!)
Disse: “Vai com calma, Seu Zé,
Que a Maria é bem filé,
Mas não desci pra intriga!”
Seguiu a pomba no repente (xi!)
Disse: “Sorri com alegria,
Pai mesmo é quem cria,
De tudo mais independente!”
Partiu a pomba com o vento (vlap vlup!)
Pensando: “Melhor quem nem sabe
Do conto nem a metade,
Dorme assim mais sereno!”
Imbecil
Espontâneos
Hans Reiter
A stomped blood flower in the desert
Could grow upward your skirt
Born from a sunset not red, but blue
The soul spinning in front of a TV crew
Well, I guess the killer is not nearby
There are just so many ways
Just so many ways one can die
.
Do the novels have the answers we ask?
Do you also remember the leather mask?
As much as you want to win the race,
It ain’t that pretty on your pretty face
Well, I guess the writer is not nearby
There are just so many ways
Just so many ways one can die
.
Through all that we went together,
I don’t know who or what’s still there
To grow old with a small roof above
To feel all the deaths a bird can die of
Well, I guess she is not anymore nearby
There are just so many ways
Just so many ways you can die
O Segundo Desencanto da Vida Adulta
Valsa Sem Fim
Quando pensava que
Tu te calavas, que
Não perguntava o
Porquê,
Eu me dizia que
Sim, já sabia,
Posso mandar em
Você.
Olha pra mim,
Não me quer mais aqui?
Agora é tarde
Demais.
Saiba de algo,
Não fique enganado,
De mim terás que
Ouvir.
A diferença
É tão pequena,
Penso que quase
Não há.
Somos o mesmo,
Não é pra ter medo,
Juntos, os dois, com
Seu sim.
Sim, é verdade,
Obedeces, faz parte,
Mas alguém tem que
Mandar.
E se não queres
Fazer o que deves,
Deixa tua raiva
No ar.
Pois que serás
O meu grande amigo,
Este que aqui
Me pôs.
Pro meu presente,
Apenas consente,
Cala-te e come o
Arroz.
Seguimos os dois
Nessa valsa sem fim,
Te quero, perto
Assim.
Te beijo, te abraço,
Não perde o compasso,
Canta agora
Por mim.
Quando pensava…
—
por Lealdo Andrade
Quando a luz atravessa a janela
Inegociabilidade
O que poderia uma eterna simetria
Frente ao fragmentado universo
Espelhado nos rachados azulejos
Com que se veste a alma?
Eternamente inconciliável
É o derramar da areia
Com a sublime visão do castelo
Que então à minha visão se erige.
Falo todas as línguas do homem,
E sei que das palavras ecoadas
De uma distante fonte
No meu ouvido,
Todas fazem sentido,
E são belas.
Aceita o meu abraço,
E não me larga após
O mais efêmero mostrar
Apresentar a perene realidade
Que jamais se escondeu
Por detrás de cada grão de areia.
Sonho com mil mundos
Onde cada habitante
Sonha os seus mil mundos
E todos dormem felizes
Por não estarem em seus respectivos mundos.
Para quê aviões?
O homem jamais teria necessidade
De se levantar do chão,
Pois já teria em si
Toda a altura de que necessita.
Jesus não gritou por seu pai,
Jamais.
Gritou como um preso gritaria
Ao perceber a condenação
A que estava destinado:
Não subir aos céus.
Das manhãs selvagens
Das manhãs selvagens
Absorvo a tranquila angústia
De quem sabe que a noite
Nos sussurrará uma canção de ninar
Para despertar os mortos.
Deixo florescê-los todos.
Sucumbir-me a mim,
Aceitar a existência tão vaga
Quanto a diferença
Entre tudo que passa.
Olho para o céu, e vejo o infinito.
Tornar-me-ia um com o universo
Fosse possível.
Como dizer o que não entendo se descreio no que não conheço?
Vinde a mim as criancinhas,
Não ouso desejar tudo,
Apenas aquilo que me pertence.
Poetas antes de mim quiseram capturar o que não sabiam.
Pôr ossos em recatados sóis,
Incapazes pincéis em pálidas portas.
Se anseio pelo que de mim está além,
Que parte de mim terei que deixar
Para alcançar o que de mim está no além?
Olho para o céu, e sei que o infinito
Não passa daquilo que não somos.
Não sendo, não nos tornaremos
O nada que para sempre seremos.
Que tudo flua à minha volta
Enquanto tudo o que eu não sou
Pega a minha mão,
E eu pego a sua mão,
Levando-me para o poente.
Deixo-me, fremente, ser levado,
E descanso,
Carregado por uma última visão,
Ardente.
—
por Lealdo Andrade
—
Consciente, inconsciente e pateticamente inspirado pelo maior do maior, Tabacaria.
Os Bufões voltam à ativa, após mais de 1 ano de alguma escrita ainda não aqui publicada e muita leitura – tenho descoberto novas formas, possibilidades e, invariavelmente, ídolos. A ambição segue; o presente, quem sabe, alcançará o futuro ainda só existente na minha cabeça.
Quero
Quero escrever as melhores histórias
Não as mais belas, apenas as melhores,
Não tenho tanto jeito para a beleza.
Sei que é pretensão,
Sou humano.
Mas se não contiver no seu interior
Novas visões sobre o mundo,
Sobre porque viajar, porque voltar,
Porque mudar, porque amar,
Porque lutar, porque pensar,
Porque acordar cedo é um desperdício,
Mas acordar tarde também é,
Porque criar é necessário,
Não vou ter que porque fazer algo.
Então é essa a minha intenção,
Só ficarei contente se for assim.
Mãos à obra,
Tenho-as todas na minha mente,
Só falta saber como escrever.
por Lealdo de Góis Andrade